Seja bem vinda nobre alma!

SEJA BEM VINDA NOBRE ALMA!

Os que tentam encontrar em si, algum abrigo, para fugir dos temores da vida, levam algum tempo para entender que quando se olha para o mundo, não o fazem da mesma forma que alguns tantos outros, porque os que buscam um esconderijo para suas almas, na verdade veem a vida e somente isto basta.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Silêncio Dito



Acho que as palavras hoje perdi
E de repente o meu silêncio fale
De um instante em que esvaeci,
Deste instante que já não me cabe.

Então minhas palavras não ditas
Para ti, agora chegam.
Não as ouça, não as permita,
Que a tua alma as leiam.

Mas se acaso, inevitável for,
Percebê-las diante de meu olhar,
Disfarce, não seja tão observador.

Minhas palavras vagas, cegas e surdas,
Tanto querem falar,
Mas permaneço ainda muda.

(DAIANE FURLAN CANAL 23-02-11)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O Voo



Meu coração era um interminável ermo
Que escondia terra fértil,
E quando a semente
Foi plantada e regada,
Tornou-se imensa brenha.

Mas eu acabara me perdendo
Do mesmo jeito...
Como pássaro ferido
Que o vento apenas
Balouça suas asas.

Asas quebradas...
Inutilmente adejam no ar,
Tentando exsurgir entre as frondes
Para chegar aos cismos
De seus infindáveis desejos.

Pássaro de olhos esfaimado,
Apesar de relapso,
Inda se matem intrépido
Na tentativa do voo altaneiro
Acredita ainda chegar ao céu.

DAIANE FURLAN CANAL (24-08-08)



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A parte que do Eu ainda existe




Toda essa dor que me causa espanto,
Donde vem que não cessa?
Se ao menos eu soubesse de que raízes são feitas,
Ou se ao encontrar as pudesse cortar.
Mas como tudo tem seu efeito,
Cortando-as não estaria eu morrendo primeiro?

O errado existe no meio da fé
Daquela que vem ligeira e não fica,
Cortando-me em pedaços jogados, desfeitos.
E ainda ali um pouco de esperança
Nas partes todas que não existo,
Das partes que eu ainda não sou.

Desmancham-se agora, minhas memórias vagas,
As lembranças que eu tanto cultivava
Da vida que eu nunca tive,
Da qual, pela dor eu me refugiava.
E de repente é mesmo assim
Todos devem ter um abrigo.

Os limites que dei a mim, não me limitavam.
Eu nunca cumpri as regras, eu as desrespeitava,
E talvez assim é que pude saltar do abismo,
Mesmo que as dores me fossem causadas,
Porque na verdade elas sempre existem,
Mas podem depois desaparecer e já não existir.

E de tudo quanto é dor, nada se compara,
Com aquelas que criam raízes no íntimo
E não se rompem, não se desatam,
Mesmo cortadas, revigoram e crescem
E tornam-se um emaranhado só,
Como se do corpo já fizessem parte.

Eu não, eu nunca quis esta parte da vida pular,
Porque assim eu sobrevivi melhor
Não me lamentei por não ter tido algo,
Meu lamento é só pelo que não pude ser,
Mas se o que sou é um mero espanto
Então estive andando pelo caminho certo.



  DAIANE FURLAN CANAL (21-06-10)