Eu precisava ir bem longe,
Ao limite de minha lucidez,
Ultrapassar as fronteiras da razão,
Ir-me ao sul dos vendavais,
Interromper os vulcões
Ou simplesmente aceitá-los.
Dizimar de mim o anti-eu,
Reinar perante os sonhos,
Construir as paredes de minhas ilusões.
Eu precisava tão somente ir,
Que não me dei conta
De que eu não precisava ver o fim
Destes caminhos oscilantes,
Apenas deveria dar inicio
E a cada passo enfrentar
Minha própria guerra.
Eu precisava ousar o dia
Pela busca da noite,
Encontrá-la na escuridão
E tê-la como raio de sol,
Que não se ofusca
E segue interruptívelmente,
Feito clarão da lua,
Vagando por um céu
Acinzentado, negro ou até azul,
Carregado de mares flutuantes,
Onde meu navio segue incansável
A procura de um cais.
Eu precisava ser velejante,
Conhecedor das fúrias alheias,
Emergir meus corais ocultos,
Revelar-me por trás da névoa,
Escapar dos maremotos imprevisíveis
Com toda a precisão de um capitão.
Eu precisava navegar,
Inda que diante de um mar de areias
Por necessidade apenas
De cumprir-se o meu desejo,
Envolto de encanto e luxúria
Feito de magia serena em sua inocência
Ou apenas pelo ápice do delírio.
Eu precisava ir até lá
Conduzida pelo simples fato
De que aqui, não se é o lugar certo.
Eu precisava romper as barreiras do eu,
Diante de qualquer fiscalização.
Eu precisava ir bem longe, perto de mim.
DAIANE FURLAN CANAL (21-07-10)
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